POR ROBERTO DE MARTIN, jornalista, ator, mineiro de Matias Barbosa e pai da Eva. O deputado federal Paulo Pimenta, do RS, acha que o PT deve um pedido de desculpas formal à sociedade e à sua base histórica. Segundo ele, os erros cometidos devem servir para buscar novas formas de atuação que recuperem a imagem desgastada. Pimenta acredita que o impeachment de Dilma “faz parte de algo maior” e foi comandado por uma elite financeira internacional que, atendendo a interesses de um novo ciclo do capitalismo, não via mais no PT um parceiro para os negócios. “No auge da crise, a gente apanhando de todos os lados, eu abria a revista Veja e encontrava páginas do Banco do Brasil, páginas da Petrobras”, diz Pimenta. “É um negócio surreal. Não é nem uma questão de ser republicano, é um servilismo”. Ele deu a seguinte entrevista ao DCM: Quais as expectativas do PT para a eleição do presidente da Câmara? Setores do PDT, setores da Rede, uma constituição de uma frente de esquerda mais ampla possível. Eu acho que a sociedade brasileira foi muito generosa conosco. Os setores progressistas que saíram às ruas em defesa da democracia, em defesa da Dilma, em defesa do Lula, muitos deles são seguimentos de setores que tinham se afastado de nós, muito por conta de erros nossos. Você pode até pela lógica fazer aquilo que na teoria marxista chama-se cretinismo parlamentar — buscar argumentos e elementos que justifiquem determinadas coisas. Para um partido que se pretende uma referência de uma esquerda transformadora, não dá para você tentar justificar o voto em alguém que foi relator do processo de impeachment. Uma aliança com um parlamentar que representa na Câmara o governo Temer e tudo aquilo que nós refutamos é algo absolutamente insustentável do ponto de vista da nossa relação com a sociedade. Eu considero que seria uma incompreensão enorme o Partido dos Trabalhadores adotar uma posição que desconsidere essa importante oportunidade de restabelecer uma relação de confiança que a sociedade está nos dando. E eu não voto em golpista em nenhuma hipótese. Não voto e não apoio e estou trabalhando para que essa seja a posição do PT. O nome que se apresentou é o de André Figueiredo, do PDT do Ceará. Não precisa ser ele, mas eu acho que a gente deve fazer um esforço para tentar chegar na eleição com essa união, com esse campo da esquerda junto conosco. Por que acha que o STF “estabilizou” o golpe? Porque ele é parte do golpe. Da retirada da Dilma. Todo mundo sabe que a Dilma é honesta. Então, todo mundo sabe que isso foi um artifício jurídico utilizado para resolver uma questão política que foi a derrota do Aécio na eleição. Era preciso fazer uma mudança de rumo da economia, abrir o capital das grandes empresas brasileiras, mudar a política do pré-sal, da Previdência. Mas qual é o interesse do STF nisso tudo? O STF, em parte foi omisso, em parte foi cúmplice, para viabilizar os interesses de classe que estão por trás desse negócio. É um grande negócio. A natureza do golpe é econômica e envolve a manutenção de privilégios a uma espécie de casta no Brasil. Qual o papel do Temer em relação ao escândalo envolvendo a Caixa Econômica Federal? A presença do PMDB nos governos sempre foi uma oportunidade de negócios e a Caixa foi uma área que o governo do PT cedeu muito para o PMDB. A área de loterias, relacionamento com pessoas jurídicas, relacionamento com governos. O Temer sempre teve três caras, que na minha opinião foram os três caras-chave dele, os três mosqueteiros dele: Geddel, Eliseu Padilha e Moreira Franco. Quando o Temer estava na presidência do PMDB, esse trio operava com o Padilha. O Eduardo Cunha montou um esquema que ele comandava. Então, o PMDB operava, na minha leitura, com esses três núcleos e uma figura que administra e controla tudo isso, o Temer, durante muitos anos presidente do PMDB. A Caixa Federal se tornou um grande negócio para eles. E tem determinadas figuras que são chaves nessa história para poder entender. Por que o Geddel se tornou uma pessoa importante? Como ele estava numa área estratégica para a liberação de grandes volumes de recursos [Geddeal era vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal], e operava em sintonia com o Eduardo Cunha, essa relação era fundamental porque o Eduardo Cunha precisava manter a base dele unida na Câmara dos Deputados, à base de dinheiro. Eu, por exemplo, estou convencido de que foram essas ajudas de dinheiro que viabilizaram o golpe, os votos dos deputados e senadores. Quais ajudas? Financiamento de campanhas, ajudas em determinados períodos, ajudas aos parlamentares, aos seus candidatos, operadas por todo esse esquema. O PT também recebeu? O PT tem um processo paralelo a isso. Ninguém do PT precisou ter a ajuda de alguém para votar no governo ou para apoiar o governo. Por exemplo, qual é a necessidade de se ter um “agrado” para um deputado do PT para que ele apoiasse o Lula ou a Dilma, as políticas do governo? E, do meu ponto de vista, o que juntou a base para v
Fonte: Diário do Centro do Mundo “O PT foi capaz de indicar ao STF ministros que pensam o oposto do que acreditamos”: o deputado Paulo Pimenta fala ao DCM
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